segunda-feira, 30 de junho de 2014

O último ato



E tu choravas...

Choravas enquanto o meu rio de emoção desaguava naquele papel pela ponta da minha caneta
gritavas do lado de dentro implorando a resposta para tal solidão
e mesmo que eu te perdoasse não seria o mesmo que te acompanhara
faltara o manejo da boca, a suave mirada e o sossego do dia
faltara o afago do peito, aquela viagem da tal melodia
faltara os momentos de praia e os nossos deleites naquela água fria

Não sei se minha alma te readmitiria
mas seguramente não serias a mesma pessoa por quem eu senti amor um dia.

Peço licença aos meus sentimentos
pois me retiro desse completo turbilhão
vou divagar pelo tempo
e me trancafiar em mim mesmo

É inverno em mim.

- Rodrigo Alves de Macedo



sábado, 7 de junho de 2014

Samba meu



E assim, do nada, me veio a vontade de fazer um samba.

Me veio a vontade de pôr a saudade
na roda de samba pra ela rodar
De ver o teu corpo com o rebolado
Soltando gingado para a gente sambar

Meninos correndo de um lado a outro
empinando pipa, rodando pião
Enquanto eu, de longe
vou observando o povo sambando
e fazendo canção

Senti foi saudade dos finais de tarde
correndo no campo com os meus irmãos
Fazendo arruaça, cantando na praça
Um tempo arretado que não volta não

Fazer meninices, sair disparado
apostar corrida, gritar "campeão!"
Ficar sem camisa, de pés descalços
com os olhos no céu e minhas mãos no chão

Ler um bom contado
de banho tomado
No sofá deitado
cuscuz no fogão

E o samba termina
com muitos sorrisos
por eu ter vivido
esse sonho bonito

Uma simples infância, um tempo tão bom.


- Rodrigo Alves de Macedo