terça-feira, 26 de maio de 2015

RESTO DE MIM

Outra vez sentindo a umidade fria da cidade. As ruas vazias de um dia de domingo expandem o eco gerado pelo meu espírito que vai se propagando de maneira inútil, porém necessária.
Mais a frente, já na avenida, observo algumas pessoas transitarem presas em seus ecossistemas rumo a algum destino e isso me faz lembrar que eu não sei a que lugar pertenço e nem para onde vou, ainda que continue seguindo e indo e indo...
Estou só. E acho que a cada dia me convenço mais que esse é o destino de todos nós. Não, essa não é nenhuma descoberta extraordinária, mas algo difícil de encarar de maneira natural e seca.
Paro, observo uma árvore desprovida de folhas e penso: "tão rápido passou o tempo?". O cair das folhas em certa época do ano é algo que sempre me chamou a atenção simplesmente por representar a mutação natural da vida e a necessidade de rotação de todas as coisas que a contém, o que comprova que tudo sempre volta a ser da mesma forma de antes e que o que realmente muda é a nossa maneira de ver e sentir tais feitios. Já cheguei a crer ter visto rosas mais vermelhas que as que eu vejo hoje em um mesmo jardim e me assusta reconhecer que, na verdade, esse tom sempre foi o mesmo. O que mudou? Somente eu posso responder.
Respiro fundo, reflito um pouco mais sobre as minhas prioridades enquanto a vida passa sem cessar, sem espera e sem cambio de ritmo, sinto uma vontade repentina de tomar um bom café e decido voltar para casa caminhando sobre essas folhas que um dia retornarão às árvores e que em outro tornarão a cair.

Nenhum comentário:

Postar um comentário